domingo, 2 de maio de 2010

Os dois pratos da balança.

Oi.
Recebi uma triste confissão ontem. A história de um homem que não soube dosar a sua vida de acordo com uma balança. Ele se confessou atordoado. Estava assim porque não estava com o amor da sua vida.
Narrou-me os fatos: quando ainda era casado, conheceu uma moça e se deixou apaixonar por ela. Apaixonar-se, é uma coisa. Quantas e quantas pessoas ao longo da vida, conhecemos, nos apaixonamos, tratamos deste sentimento platonicamente e sublimamos, não chegando às vias de fato. Deixar-se levar pela paixão é outra, diferente, confusa e com consequências, mormente, tristes. Como na história dele.
Quando deixou-se levar pela paixão, não sossegou em seu íntimo até que chegasse às vias de fato, à via carnal da paixão. Só que se esquecera de primeiro romper com seu relacionamento anterior e estável. Ele me disse que a paixão fora tão avassaladora que era como se ele nem estivesse mais casado.
Só que, como diz o popular ditado, o que começa mal, termina mal. Sua família e amigos descobriram o seu envolvimento com uma mulher solteira, assim como a família da moça; ninguém aceitou aquele relacionamento e eles (a moça e meu amigo) acabaram por afastar-se.
Findo o romance, meu amigo tentou acertar as coisas. Separou-se, formalmente, na justiça, como se deve. Mas ao procurar a moça que o motivou a fazer as coisas que fez, ela não o queria mais. Era, segundo me disse, conforme ouviu de sua boca (da boca dela, desculpem o cacófono), uma relação que fazia mal para ela (sic - não entendi como fazia mal para ela, também fiquei sem graça de perguntar; nestas horas acredito eu que valha mais a pena o conforto do silêncio do que o confronto das palavras...)...
Após seu relato, fiz o que achei que devia fazer (não, não saí telefonando para minhas amigas solteiras arrumando encontros, dizendo que tinha um amigo disponível - vocês fazem muito mal juízo de mim, risos) e ele foi embora deconsolado, da mesma forma que iria se eu não tivesse feito nada. O desconsolo, no caso, não tem nada a ver comigo, tem a ver com sua própria situação...
Aqui no diário, porém, acho que posso descortinar o segredo desta tristeza: a tristeza vem do desrespeito aos dois pratos da balança. Qual balança? A Balança do Tempo. O tempo é medido como em balanças, onde existem dois pratos de tempo: o "demasiado cedo" e o "demasiado tarde"; quando estão em harmonia, têm-se o tempo "justo". Demasiado cedo foi começar uma nova relação sem estar plenamente livre da primeira; demasiado tarde, foi procurar a moça depois que as decisões já haviam sido tomadas. E o tempo justo? Teria sido o tempo ideal em que, na vida daquele homem, tudo se acertaria, não sem dor, mas da melhor maneira possível...
Cuidemos todos nós, para que possamos em nossas vidas, encontrar o momento ideal na balança, para que nossas decisões não nos tragam tristeza, mais cedo ou mais tarde, mas que sejam fonte de alegria e bençãos.
Beijos, "contra-balanceados",
Alf.

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